sexta-feira, 25 de maio de 2007

Paulo Rocha
SEPRORGS
IT Careers - Convergência Digital
:: Da redação :: 24/05/2007


Enquanto no Brasil as empresas trabalham junto às universidades para formar novos talentos na área de TI, nos Estados Unidos a preocupação abrange outras esferas do ensino. Em razão do pouco interesse por cursos de graduação dirigidos para a área, entidades como a SIM (Society of Information Management) vêm trabalhando junto a instituições de ensino médio para atrair estudantes para as universidades.
John Oglesby é diretor estratégico de TI da ACH Food e um dos fundadores do capítulo da SIM em Memphis, hoje à frente de uma série de iniciativas de estímulo a jovens estudantes. O capítulo é responsável pela oferta de bolsas de estudo a estudantes que queiram cursar a Universidade de Memphis e a Faculdade LeMoyne-Owen.
Além disso, diante da escassez de profissionais, Oglesby e seus pares passaram a integrar conselhos de escolas secundárias e faculdades, com o objetivo de influir na formação de seus currículos. O esforço vai mais além:
cinco anos atrás, quando a cidade decidiu construir uma moderna biblioteca, lá estavam os executivos da SIM sugerindo funcionalidades tecnológicas.
"Conseguir dois estudantes por ano já é um grande resultados, mas continuamos buscando novas formas de melhorar a educação em TI. As faculdades são apenas um modo de aumentar o interesse", afirma Oglesby.
Tempo, aliás, é a essência da atração de estudantes para a área. Enquanto a maioria dos profissionais de TI norte-americanos reclamam que seus empregos deixaram o país, alguns estudos mostram que, na verdade, os profissionais é que estão deixando de existir. Algumas universidades relatam que as matrículas de estudantes em cursos de graduação em ciência da computação são hoje um terço do que eram no início da década. Estatísticas do Bureau de Trabalho mostram que o número de jovens interessados em cursos como análise de sistemas e ciências da computação em 2007 é de 1,1%, contra 3,7% em 2001.
Atenta a esta queda, o capítulo da SIM em Chicago já está trabalhando em conjunto com a Microsoft no programa Potencial Futuro. Um dos objetivos do programa é atrair estudantes universitários, mas acaba encontrando muitos deles decididos a não ingressar na área. "O programa tem tido sucesso, mas teremos oportunidades muito melhores se pudermos selecionar estudantes em uma faixa etária mais baixa", acredita Stephen Pickett, CIO da Bloomfield Hills e ex-presidente da SIM.
Solução
Uma das soluções para a proposta de Pickett pode estar nas iniciativas da SIM em Memphis. Os funcionários da biblioteca patrocinada pela SIM fizeram uma proposta a equipe de Oglesby: por que não patrocinar um programa de verão para estudantes secundários de uma escola próxima? Os alunos poderiam ir à biblioteca após a aula fazer seus deveres de casa e ter contato com a área de TI. "Realizamos o programa com a SIM auxiliando na formação do currículo e a biblioteca realizando todo o trabalho pesado", comemora Oglesby.
Aproveitando o conhecimento gerado a partir da iniciativa com a biblioteca, a SIM criou um acampamento de verão para jovens entre 12 e 15 anos. A participação tinha algumas exigências: os estudantes tinham que ser aplicados e, na sexta-feira anterior ao acampamento, eles e seus pais tinham que participar de um programa de orientação, durante o qual profissionais de TI apresentavam seus currículos e os cursos necessários para alcançá-los, além de deixar claro que nem todos os empregos de TI estavam deixando o país.
Para Brett Thompson, professor em Naperville e especialista em integração de TI, o caminho para transformar estudantes secundários em amantes de tecnologia é estreito e minado, isso porque 95% deles opta por uma faculdade de quatro anos e a conclui com notas baixas, o que seria insuficiente para formar um bom profissional. O professor cita como exemplo um programa criado em sua cidade há dez anos, em parceria com a Cisco Academy. O programa, que oferecia cursos e certificações com os materiais de treinamento da fabricante, teve cem crianças em sua primeira edição e, há cinco anos, contava com apenas oito. "Nós descobrimos que apenas 1% dos estudantes matriculados no programa realmente passaram nos testes da Cisco. Na prática, prestamos um desserviço, já que o treinamento técnico não era o melhor caminho para estudantes secundários", afirma.
Mais tarde, o professor defendeu uma tese na qual tentava persuadir outras cidades do país a adotar um currículo diferente para iniciativas como esta.
Hoje, Naperville utiliza materiais de treinamento fornecidos pela CompTIA (The Computing Technology Industry Association), uma associação sem fins lucrativos que desenvolve exames de certificação para a área de TI e, apenas nas aulas sobre redes, as matrículas subiram de cinco para 50. Mais que
isso: estudantes certificados ganham dinheiro fazendo manutenção e suporte para as próprias escolas e encontram empregos de verão mais lucrativos, já que o treinamento aborda também questões de negócio.
"O ponto é: mesmo que estas crianças não se tornem profissionais de TI, serão ao menos consumidores melhores. Os que comprarem seus próprios notebooks poderão fazer manutenção e atualizações por sua própria conta", defende o professor.
Já o programa de Memphis atraiu crianças de todos os pontos da cidade, das mais abastadas àquelas que não tinham computadores em casa. O programa de seis horas diárias foi desenvolvido para agradar aos mais jovens, começando com uma rápida apresentação de um membro da SIM e indo rapidamente para a apresentação do BSO (Bright Shiny Objetc) do dia – geralmente uma ferramenta tecnológica de última geração, como podcasting, produção de filmes digitais ou sistemas de mapeamento de informações geográficas.
"É uma grande oportunidade para que bibliotecas e o setor de TI trabalhem juntos e atendam às necessidades dos adolescentes. Eles aproveitam as informações e passam a ver as bibliotecas de outro ponto de vista", diz Betty Anne Wilson, diretora assistente da Biblioteca Pública de Memphis.
Agora entrando em seu terceiro ano, o Teen Tech Week de Memphis está servindo de modelo para um programa nacional a ser promovido nas cidades onde a SIM tem presença. Não surpreende, dada a natureza dos profissionais de TI, que o programa tenha sido codificado em graus, com um pacote de materiais que inclui até formulários sobre como escrever um press-release.
* com informações do site SearchCIO.com

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